Por sua produção histórico-literária, ele foi eleito, em 1922, para ocupar a cadeira número 40 da Academia Pernambucana de Letras. Junto com o escritor, iria o seu desejo de modernização do Recife, bem como o de mudanças no caráter patriarcal da cidade, numa tentativa de conseguir equipará-la às grandes metrópoles européias.
Academia Pernambucana de Letras, na qual o escritor ocupou, em 1922, a cadeira 40.
Mário Sette nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. Bem jovem, já se apresentava como um amante das literaturas portuguesa, francesa e brasileira, e dos tratados de História do Brasil e da Civilização. Falava e escrevia francês com bastante fluência. Além de muito católico se identificava com os valores aristocráticos da elite açucareira de Pernambuco, chegando a supor que, somente as classes dominantes - em particular, a aristocracia agrária - eram capazes de gerenciar os rumos da sociedade.
O estudioso foi catedrático de História do Brasil, na Faculdade de Filosofia do Recife. Além de vários romances sociais, ele deixou toda uma contribuição histórica, especialmente sobre Recife e Pernambuco, onde analisa o advento da modernidade no final do século XIX e início do século XX.
Vale salientar que os trabalhos de Mário Sette foram fruto de testemunhos
orais e pesquisas documentais, além de terem contado com o acervo de sua
própria memória. Por sua produção histórico-literária,
ele foi eleito, em 1922, para ocupar a cadeira número 40 da Academia Pernambucana
de Letras. Junto com o escritor, iria o seu desejo de modernização
do Recife, bem como o de mudanças no caráter patriarcal da cidade,
numa tentativa de conseguir equipará-las às grandes metrópoles
européias.
Mário Sette promoveu discussões sobre a industrialização
e o cosmopolitismo, analisando as alterações exercidas pela modernidade,
em algumas cidades com as quais se relacionou, tais como Rio de Janeiro, Caruaru
e Recife. Esta última, no entanto, sempre representou o foco maior de sua
atenção.
O intelectual contou com o apoio de Monteiro Lobato, a fim de se tornar colaborador
da Revista do Brasil, de 1921 a 1924, e poder representar o periódico no
Estado de Pernambuco.
O escritor e cronista Mário Sette era um estudioso da História e
acreditava que a observação do cotidiano se constituía em
uma importante fonte para a pesquisa. Direcionando os seus olhares para vários
ângulos, ele ressaltava:
"Cada cidade tem sua história, não apenas a política, mas, sobretudo, a peculiar aos seus costumes, aos seus regionalismos, aos seus modismos."
Algumas das suas principais obras são: A FILHA DE DONA SINHÁ; ANQUINHAS
E BERNARDAS; ARRUAR – HISTÓRIA PITORESCA DO RECIFE ANTIGO; MAXAMBOMBAS
E MARACATUS; PORTO DO RECIFE, MEMÓRIAS ÍNTIMAS – CAMINHOS
DE UM CORAÇÃO; OS AZEVEDOS DO POÇO; O PALANQUIM DOURADO;
OUTROS OLHOS...; SENHORA DE ENGENHO; SEU CANDINHO DA FARMÁCIA; TERRA PERNAMBUCANA;
TIGRES E ESGOTOS; FOI UM DIA A LOCOMOTORA e O RIO CORRE MANSO.
Mário Sette tem sido considerado pelos pesquisadores como um autor moderno.
E, neste sentido, era com muita atenção que ele olhava para as mudanças
processadas no ser humano. Em sua concepção, até as tradições
representavam uma realidade dinâmica. Assim como os indivíduos, elas
se transformavam e evoluíam, com o passar do tempo, adquirindo novas características,
distintas das antigas.
Mário Sette faleceu no Recife em 25 de março de 1950.
FONTE: Semira Adler Vainsencher, texto atualizado em 8 de outubro de 2008 in www.fundaj.gov.br/pesquisaescolar.