VELHOS AZULEJOS (1924)

 

Em sombrio e esconso recanto de igreja colonial, jaziam em mistura, dezenas de antigos azulejos, desprezados das paredes do claustro.
Vendo-os assim alguem ventilou a ideia de recompol-os, curioso de harmonisados os desenhos, formado o painel, descobrir talvez um quadro primitivo, uma scena desconhecida do Passado.

Perseverante, paciente, esforçadamente de azulejo em azulejo, após reiterados ensaios, conseguiu-se reconstituir o painel.
Era cheio de belleza, porém nada possuia de original, simplemente uma das passagens do Evangelho: - Jesus doutrinando aos discípulos pelas suas parábolas…
Estes Velhos Azulejos, tambem, nada contam de novo nos seus quadros. Apenas singelas licções de moral que o autor, em carencia de méritos para maior dadiva, quiz offerecer à inteligencia e ao coração das creanças de sua terra.

Fonte: SETTE, Mário. Velhos Azulejos. Rio de Janeiro: Editor Annuário do Brasil, 3ª Edição, 1924.