Em sombrio e esconso recanto de igreja colonial, jaziam em mistura, dezenas de
antigos azulejos, desprezados das paredes do claustro.
Vendo-os assim alguem ventilou a ideia de recompol-os, curioso de harmonisados
os desenhos, formado o painel, descobrir talvez um quadro primitivo, uma scena
desconhecida do Passado.
Perseverante, paciente, esforçadamente de azulejo em azulejo, após
reiterados ensaios, conseguiu-se reconstituir o painel.
Era cheio de belleza, porém nada possuia de original, simplemente uma das
passagens do Evangelho: - Jesus doutrinando aos discípulos pelas suas parábolas…
Estes Velhos Azulejos, tambem, nada contam de novo nos seus quadros. Apenas singelas
licções de moral que o autor, em carencia de méritos para
maior dadiva, quiz offerecer à inteligencia e ao coração
das creanças de sua terra.
Fonte: SETTE, Mário. Velhos Azulejos. Rio de Janeiro: Editor Annuário do Brasil, 3ª Edição, 1924.