Sombras de Baraunas
A Professora
Uma história
de mulher
O Fogueteiro
O filho da outra
Núpcias Trágicas
As Três Cruzes da Ermida
Sina de Jogador
O Vestido Preto
Visão
de Mãe
Uma Fera
O Aleijado da Feira
Clarinha das Rendas
O Preço
do Sangue
Juros do Coração.
O Conto “Clarinha das Rendas”, que é novamente incluido neste volumen, foi publicado em primeira mão no livro de contos “Rosas e Espinhos”, hoje exgotado. Era dedicado a Olavo Bilac, o grande poeta brasileiro, que se tomou de carinhosa sympatia por essa sentida página litterária de Mário Sette. Numa chronica publicada na imprensa carioca, a respeito dos últimos momentos de vida de Olavo Bilac, o distincto homem de letras brasileiro, sr. Carlos Dias Fernandes, descreve o derradeiro dialogo do consagrado poeta com a irmã que lhe servia de enfermeira:
- “Agora, sim, estás muito bem, disse-lhe
a irmã, rejubilada com aquella apparencia de melhora.
- É para esperar a morte, tornou Bilac, com um sorriso amargo. Vamos-nos
separar estúpidamente, mas nunca o meu espírito deixará
o meu triste lar.
- Não digas isto que me fazes zangar, tornou-lhe a irmã commovida.
- Pois, não te zangues, minha filha, vou fazer uma viagem, vou para Vichy,
aquí tens. Olha, Asinha, vai buscar o “Candide”, tu precisas
aprender com Voltaire resignação e optimismo.
Veio o “Candide”, mas o poeta enfarou-se e reclamou Mário Sette. Queria ouvir as narrativas do novelista pernambucano.
- Lê, Cora, a “Clarinha das Rendas”. É tão bonito, é tão triste! Não achas?
Mas, a “Clarinha” também não pôde satisfacer aquella alma insatisfeita e sequiosa de perfeição, que ia sentindo pouco a pouco tomal-o a frialdade da morte”.
Fonte: Notas do Editor in SETTE, Mário. Sombras de Baraúnas (contos). Porto (PT): Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1927.