… A um canto do meu bureau havia um punhado de flores dispersas, flores mirradas, sem côr, sem aroma, nascidas assim e assim recolhidas como umas lembranças. Nenhum outro valor. Certa vez, alguem pediu-m’as para enfeixal-as num ramo, um pobre ramo, em verdade.
As flores, rachiticas e fanadas, estremeceram de pudor, sentindo-se já
expostas à olhos que não fossem os meus.
Neguei; neguei com firmesa.
- “Mas é para uma tombola, para os que soffrem, em prol dos opprimidos, em favor dos que trazem luto…” Ponderaram-me.
Vacillei; contudo…
Outro fim não poderiam ter as minhas flores sem brilho.
Cedi.
Eis o motivo deste livro.
Fonte: SETTE, Mário. Ao Clarão dos Obuses. Recife: Edição Liga Pernambucana Pró-Alliados, 1917.