ARRUAR é, sem dúvida, um livro de grande expressão de recifensidade, escrito com inteligência e amor a esta cidade onde vivemos e trabalhamos.
Considero ARRUAR o melhor livro de Mário Sette a respeito do velho Recife. Uma coleção de crônicas em estilo simples e que mostram uma visão panorâmica da evolução social desta capital entre os derradeiros anos do século dezenove e as primeiras décadas do atual. Uma fase de grandes e importantes transformações materiais na cidade, fase muito cheia de melhoramentos urbanos e de implantação de novos hábitos e costumes sociais.
Tudo isso foi fixado impecavelmente pelo cronista, sempre honesto e minucioso nos seus escritos evocativos de um passado que deixou poucos vestígios e escassíssima documentação.
Gostar das coisas do Recife antigo, saborear essas evocações do
que já não mais existe no recinto urbano, como os Arcos, algumas
igrejas demolidas, certos palacetes senhoriais derrubados para se erguerem espigões
em seu terreno, os teatros e cinemas desaparecidos não constitui saudosismo
e, sim, respeitável sentimento histórico, atitude de compreensão
em face do esforço civilizador dos nossos antepassados.
ARRUAR é, sem dúvida, um livro de grande expressão de recifensidade,
escrito com inteligência e amor a esta cidade onde vivemos e trabalhamos.
Há nesse livro toda a paisagem da cidade em transformação
do burgo provinciano para a sua moderna feição de centro metropolitano
agitado e construtivo.
Fonte: Orlando Parahym (Diário de Pernambuco, 1978).